quarta-feira, 16 de julho de 2014

Infância é tempo de brincar!

Grande parte de nossas crianças já estão voltando para suas atividades escolares, fundamentais para o desenvolvimento de suas competências e habilidades. Além da aprendizagem que a escola oferece aos pais cabe o cuidado em garantir o espaço do brincar de seus filhos. Muito mais do que um simples passatempo ou divertimento, no desenvolvimento infantil, o brincar é um indicador de saúde emocional e cognitiva, uma ponte entre o universo interior e exterior, que contribui para a organização e constituição do EU.
A brincadeira faz fluir a imaginação, a fantasia, potencializa a criatividade, a representação de personagens, a criação e recriação de situações cotidianas, o trânsito de pensamentos,  o levantamento de hipóteses, desenvolvendo habilidades motoras e intelectuais. Além disso, permite a manifestação da alegria, a descarga de suas angústias e inseguranças, a elaboração seus medos, o controle de seus impulsos, assimilação de emoções e estabelecimento de contatos sociais.
Brincando, a criança faz a conexão entre saberes prévios e constrói vínculo entre passado, presente e futuro, resgatando o tempo e o espaço e criando algo novo, fazendo suas próprias significações.
É comum, por exemplo, crianças preferirem brincar com objetos “simples”, como um potinho, uma varinha, uma bolinha, uma caixa e ficar um longo tempo explorando e construindo uma brincadeira. Quantas crianças tiram todos os brinquedos da caixa e se divertem, não com os brinquedos, mas com a própria caixa! Essa situação gera inquietação em alguns adultos, visto que atualmente há inúmeros brinquedos que, em hipótese, deveriam estimular e chamar mais a atenção, no entanto, não geram desejo nem encantamento. Justamente, porque no brincar a criança constrói o seu universo pessoal, individual. No espaço mental do brincar a criança tem seu mundo autônomo e decide sobre o que, onde, com quem, como e quanto tempo dura sua brincadeira. No faz-de-conta, não há finalidade, parâmetros, necessidade, é um brincar que simplesmente se faz!
Aos pais, um cuidado: quando uma criança faz o convite “pai/mãe, brinca comigo?”, por sua própria iniciativa, ela está o convidando para adentrar no seu espaço pessoal, para um estabelecimento de relação mais profunda, um vínculo mais enraizado, é como se dissesse “vem fazer parte do meu universo”. Além disso, deixo um alerta: nossa infância atual sofre com o excesso de compromissos e recursos tecnológicos, cabendo aos pais a mediação e o limite, para a garantia do tempo e do espaço do brincar infantil, fundamental para desenvolvimento integral do ser humano.

Boas brincadeiras!
Patrícia E. de Lima Teixeira

* Texto publicado no Jornal Cidade Leste, Edição de janeiro / fevereiro de 2014 e no Blog Ser e Crescer da Psicóloga Silvana Elisa Guimarães.

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